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terça-feira, 8 de janeiro de 2008

BEZERRA NETO
Jornalista e escritor
E-mail:
bzneto@gmail.com

Meu bem-ti-vi


Semana de 29/12/2007 a 05/01/2008
Passo a maior parte do tempo no quintal. Aliás, tomo café, almoço e janto no quintal da minha casa, um bom espaço construído mas aberto, com galpão onde coloquei cadeiras de palhinha que servem para pequenas palestras e também para ensaio do coral do maestro Benedito Fonseca, onde canto ao lado de 20 coralistas do naipe escolhido pelo “Bené”. Ensaiamos músicas e arranjos de Johann Sebastian Bach e Martinho Lutero, sem esquecer as peças de autores nacionais e locais. Quando não há nada a fazer nesse sentido, armo a rede e leio, ou durmo, que “ninguém é de ferro”. Mas não fica só nisso: ao lado, num outro galpão menor, tomo minhas refeições e dou boas baforadas de cachimbo. De vez em quando, uma cachimbada, um uisquinho leve da marca que gosto e posso comprar – o velho Teachher’s.Meu “ateliê” de pintura digital fica na sala principal da casa, mas só vou lá quando me vem a inspiração buscada no quintal. Ali também recebo amigos e clientes. É adorável passar parte do tempo neste que é o meu lugar preferido de ficar. Acho que é no quintal que as melhores coisas acontecem – o canto dos pássaros nas mangueiras da vizinhança, as peripécias de Rodolfo Luiz (o gato) e Ricky Martin (cachorro), os dois endiabrados de minha filha Mila, que atormentam e dão prazer ao mesmo tempo. As coisas mais simples se tornam imbuídas de bons propósitos quando acontecem no quintal. Digo assim porque foi nesse ambiente que conheci o meu bem-ti-vi, o pássaro de peito amarelo. Seu canto normal revela o próprio nome: “bem-ti-vi”, som estridente, diferente e às vezes enigmático.
O som do canto do “meu bem-ti-vi”, porém, é revelador. Um pouco assustador também, quando é emitido para comunicar algo de ruim; mas animador na maioria das vezes, ao vê-lo comunicar uma boa nova. Parece-me que o entendo no seu irrequieto cantar, um assovio lascivo estridente e longo de prazer e arrogância, que o faz distinguido do canto das outras aves. Espero-o. Ele vem todas as manhãs e todas as tardes, algumas vezes voa rente, depois de descer das altas e frondosas mangueiras numa arrancada espetacular. Presumo que quer demonstrar a sua habilidade de bom caçador. Bem, sei que bom caçador de insetos e atenções também, porque eu já me afeiçoei a ele, na sua magnitude de vir me visitar diariamente. Causa-me boa impressão e grande emoção, ao vê-lo.

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